– Foi uma noite fantástica. – contava Alex ao amigo. – Há muito tempo que eu cercava ela. Mas ela não abria a guarda. Tinha um namoro sério que, graças a Deus, acabou. Respeitei o período de resguardo, sabe como é, conhecia o namorado e não queria queimar o filme com as amigas delas. Convidei pra sair, tomamos um vinho. Deixei que ela escolhesse. Pediu uma garrafa que custava R$ 150,00. Bem acima do meu padrão. Mas aí pensei: mulher que pede vinho acima dos 100 reais é porque tá a fim de dar.
– Ele não veio logo me atacando assim que a notícia correu – disse Roberta à amiga.- Respeitou minha dor que nem chegava a ser tanta, o namoro durou um ano mas os últimos dois meses dava sinais de que não ia muito longe. Quando saímos, ele me deixou que escolhesse o vinho. Pedi uma garrafa bem acima do meu padrão. Ele não chiou. Bom sinal.
– A conversa era boa.- continuou Alex. – Variei bastante os assuntos pra não dar a entender que só queria uma coisa com ela. Tudo levava a crer que ia rolar .
– Ele puxou assunto. Parecia realmente interessado em mim. – explicava ela. – Não era desses que só queria uma coisa. É um cara diferente.
– Estava duro e sem gasolina pra ir até a Barra, acabei levando ela pra casa mesmo, apesar de estar meio bagunçada.
– Se ele tomasse o caminho pra Barra, ia pedir pra parar. Como assim, logo na primeira vez, me levando pra um motel? Podia pensar que sou dessas. A casa dele estava meio bagunçada. Sinal de que queria intimidade logo de cara. Comecei a achar que o Alex não era nada do que falam por aí.
– Nada de tapa na bunda, puxão no cabelo, gritos de “vem cá, cachorra!”. Peguei leve pra não assustar.
– Que delicadeza! Quanta sensibilidade! Evidente que queria o meu prazer. Até que… – contou ela.
– Até que… – contou ele…
– Ah, você é um amor! – disse Alex sorrindo.
– Oi? – Roberta chegou a sentir um arrepio.
– Disse que você é um amor.
– Eu… – não resistiu a tanta delicadeza. – …te amo, sabia?
– Você… o quê?
– Eu te amo.
– Maneiro.
– Como é que é?? Então eu me declaro pra você, de coração aberto e tudo que você me diz é “maneiro”?
– Mas eu achei maneiro!
– Vou repetir: eu te amo. E você?
– Eu? Eu… também.
– Você também me ama?
– Não, eu disse que concordo com você.
– Eu disse “eu te amo”, você disse “eu também”.
– Isso mesmo. Eu também me amo. É disso que eu gosto em você. Você tem muito bom gosto.
– Não pude acreditar no que ouvi. – desabafou ela pra amiga. – Aliás, a última frase que ouvi daquele sujeito.
– Não entendi nada. – se abriu Alex. – Fui o mais sincero possível, a mina se levantou e foi embora lá de casa sem dizer tchau! E ainda dizia que me amava. Vai entender essas mulheres…